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FRANCISCO URONDO
Buenos Aires, Argentina, 1930-1976
Morreu tão moço o querido Paco, poeta de mesmo, fuzilado por la ditadura que se abateu sobre a vida do seu povo. Além de poeta, seu talento múltiplo se desdobrou no teatro, no cinema, no conto e no ensaio.
Estreou com Historia antigua (1963), depois vieram Breves (1959), Lugares (1961), Larga distancia (1971).
Em s1984 Cuba editou uma antologia de seus poemas. Dele escreveu Migual Brascó, em 1964: "Tem uma força comunicativa diferente. Usa a linguagem para se referir aos acontecimentos comuns e começamos a entende-lo e cada vez considera-lo dos nossos, outro dos biógrafos da espécie.!
TEXTO EN ESPAÑOL – TEXTOS EM PORTUGUÊS
Si ustedes lo permiten,
prefiero seguir viviendo.
Después de todo y de pensarlo bien, no tengo
motivos para quejarme o protestar:
siempre he vivido en la gloria: nada
importante me ha faltado.
Es cierto que nunca quise imposibles; enamorado
de las cosas de este mundo con inconsciencia y dolor
y miedo y apremio.
Muy de cerca he conocido la imperdonable alegría; tuve
sueños espantosos y buenos amores, ligeros y culpables.
Me avergüenza verme cubierto de pretensiones; una gallina torpe,
melancólica, débil, poco interesante,
un abanico de plumas que el viento desprecia,
caminito que el tiempo ha borrado.
Los impulsos mordieron mi juventud y ahora, sin
darme cuenta, voy iniciando
una madurez equilibrada, capaz de enloquecer a
cualquiera o aburrir de golpe.
Mis errores han sido olvidados definitivamente; mi
memoria ha muerto y se queja
con otros dioses varados en el sueño y los malos sentimientos.
El perecedero, el sucio, el futuro, supo acobardarme,
pero lo he derrotado
para siempre; sé que futuro y memoria se vengarán algún día.
Pasaré desapercibido, con falsa humildad, como la
Cenicienta, aunque algunos
me recuerden con cariño o descubran mi zapatito
y también vayan muriendo.
No descarto la posibilidad
de la fama y del dinero; las bajas pasiones y la inclemencia.
La crueldad no me asusta y siempre viví deslumbrado
por el puro alcohol, el libro bien escrito, la carne perfecta.
Suelo confiar en mis fuerzas y en mi salud
y en mi destino y en la buena suerte:
sé que llegaré a ver la revolución, el salto temido
y acariciado, golpeando a la puerta de nuestra desidia.
Estoy seguro de llegar a vivir en el corazón de una palabra;
compartir este calor, esta fatalidad que quieta no
sirve y se corrompe.
Puedo hablar y escuchar la luz
y el color de la piel amada y enemiga y cercana.
Tocar el sueño y la impureza,
nacer con cada temblor gastado en la huida
Tropiezos heridos de muerte;
esperanza y dolor y cansancio y ganas.
Estar hablando, sostener
esta victoria, este puño; saludar, despedirme
Sin jactancias puedo decir
que la vida es lo mejor que conozco.
MELLO, Thiago de. Poetas da América de canto castellano. Seleção, tradução e notas de Thiago de Mallo. São Paulo: Global, 2011. 495 p. ISBN 978-5-260-1561-6 - 18,5 X 26,5 cm.
Ex. bibl. Antonio Miranda
TEXTOS EM PORTUGUÊS
Tradução de Thiago de Mello
SONIA
Até quando vais ficar ali, guardada.
Intocável,.muda, aborrecida, sem crescer ou morrer
de uma boa vez,
como todo mundo. Até quando vou mastigar
este amor aparecido tão cedo e tão intenso: uma
realidade triste o apanha
e também toda a memória; sou um homem que
recusa o esquecimento
e ainda te quer, ainda que não possa saber.
É verdade. Tua imagem,
o pátio, os brinquedos. Maldita seja tua mãe
que de noite te deixava só e assustada; maldita seja
a sujeira
que te protege e te impede de desaparecer.
Não posso prescindir do pátio. Teu cabelo. Sou um submetido
à sujeira de teus joelhos; fiel apesar de mim. Devoto
desta história que ninguém conhece, salvo nós dois.
Querida minha, tenho medo de sofrer. Melhor
dizendo: não quero
que se deem conta. Primeiro amor: sou
Tarzan, como posso então falar
dignamente do ar de meu coração; calor
trêmulo que simplesmente aparecia contigo? Primeiro
amor aos três quatro anos de haver nascido
Amor quase
nascendo com a vida, confundido
com sua primeira respiração, com seu alcance.
Amor,. ainda que tenha começado faz tanto, ainda que
faça perder a serenidade, é uma linda
porcaria que nos acaricia e nos brinda.
(De Larga distância, 1971)
PREFIERO SEGUIR VIVIENDO
Se vocês permitem,
prefiro seguir vivendo.
Apesar de tudo e pensando bem, não tenho
motivos para me queixar ou protestar.
Sempre vivi na glória; nada
de importante me faltou.
É certo que nunca almejei impossíveis; enamorado
das coisas desse mundo com inconsciência e dor
e medo e urgência.
Conheci bem de perto a imperdoável alegria; tive
sonhos espantosos e bons amores, ligeiros e culpáveis.
Sinto vergonha de me ver coberto de pretensões:
uma galinha desajeitada,
melancólica, débil, pouco interessante.
Um abano de plumas que o vento despreza,
caminho que o tempo apagou,
Os impulsos morderam a minha juventude e agora
sem me dar conta, vou iniciando
uma madurez equilibrada, capaz de enlouquecer
qualquer um
ou aborrecer de golpe.
Meus erros foram esquecidos definitivamente; minha
memória morreu e se queixa
com outros deuses varados no sonho e nos maus
sentimentos.
O perecedeiro, o sujo, o futuro, soube me acovardar.
mas eu o derrotei
para sempre; sei que futuro e memória se vingarão
algum dia.
passarei desapercebido, com falsa humildade,
como a Cinderela, ainda que alguns
se lembrem de mim com carinho e achem meu
sapatinho
e também acabem morrendo.
Não descarto a possibilidade
da fama e do dinheiro; das baixas paixões e da
inclemência.
A crueldade não me assusta e sempre vivi deslumbrado
pelo puro trago, o livro bem escrito, a carne perfeita.
Costumo confiar minhas forças e na minha saúde,
no meu destino e na boa sorte:
seu que chegarei a ver revoluções, o salto temido
e acariciado, golpeando a porta de nossa inteligência.
Estou seguro que chegar a viver no coração de uma
palavra;
compartir este calor, esta fatalidade que quieta
não serve e se corrompe.
Posso falar e escutar a luz
e a cor da pele amada e inimiga e próxima.
Tocar o sonho e a impureza,
nascer como cada tremor gasto na fuga.
Tropeços feridos de morte:
Esperança e dor e cansaço e ganas.
Estar falando, sustentar
esta vitória, este punho; saudar e me despedir.
Sem jactâncias posso dizer
que a vida é a melhor coisa que eu conheço.
(De Del outro lado, 1968)
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Página publicada em maio de 2021
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